Um dia eu estava com meu pai em uma fila. Encontramos um amigo dele. Eu estava um pouco na frente, mas ouvi a conversa.
– aquela ali na frente é minha filha.
– ah que legal! O que ela faz?
– fez ótima faculdade, MBA nos EUA e agora é blogueira.
Eu não era blogueira. (Nada contra, tá? Tive blog por 6 anos e valorizo super a profissão. Mas não era o que eu fazia).
Olhei para trás e fiquei pensando porque ele me apresentou assim. Ninguém perguntou onde eu estudei. Nem se era uma faculdade boa. E ele não respondeu a verdadeira pergunta que era o que eu fazia de trabalho.
Alguns anos depois comecei a trabalhar como coach de carreira para mães.
Comentário da minha mãe: passei 3 sessões de terapia tentando entender porque você saiu da sua própria empresa.
E eu pensando: sério? Não passei nenhuma sessão de terapia minha nesse assunto.
Na visão de muitos dos nossos pais sucesso no trabalho é ficar muito tempo na mesma empresa, é fazer uma carreira linear e crescente, é ganhar dinheiro para guardar para o futuro.
Por que fazemos tanto esforço para agradar os nossos pais? Suprir as necessidades deles de trabalho… tomar como verdade o que eles acham, querem e acreditam? É intrínseco, talvez inconsciente. Mas a maioria das pessoas deixa a influência dos pais tomar conta das decisões de trabalho.
Desatar os nós e decidir por nós mesmos às vezes é até dolorido. Cortar o cordão e entender nossas próprias vontades e sonhos é difícil. Mas é também libertador.
Essa semana meu pai me mandou uma mensagem logo cedo:
Sonhei com você. Tenho muito orgulho. Da forma como você construiu sua carreira, da qualidade da sua entrega e de como você concilia a maternidade com o trabalho. Te amo.
Precisamos desatar os nós. Para termos orgulho de nós mesmos. E podermos com o tempo, construir laços ainda mais fortes.
A opinião deles ainda importa muito. Mas as escolhas são minhas.